a luta continua! a luta continua! a luta continua! a luta continua! a luta continua! /§(o_o)§\

domingo, 23 de dezembro de 2007

# 121- natal dos simples

***************
Em 29 de Janeiro de 1983 realizou-se o espectáculo no Coliseu, encontrando-se
José Afonso já em dificuldades, devido ao seu estado de saúde....

recordando o "Natal dos simples":


José Afonso - Ao Vivo no Coliseu (parte 4/12)
Natal dos Simples

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura

José (Zeca) Afonso

Como refrão, geralmente é cantado um descontraído:

panparara piri
panparara piri
panpanpanpan...

que traduzindo era igual a:

vão parar à pide
vão parar à pide
vão, vão, vão, vão....

sábado, 22 de dezembro de 2007

# 120 - vela de natal... adoptei-a, faz algum tempo...
a minha vénia ao seu autor...

sem azevinho nem bolinhas brilhantes...
há muito que não encontrava uma imagem
tão repleta de significado.

trabalho premiado - Myung-Lae Nan - Coreia do Sul

# 119 - NATAL??!!!!
mas... QUAL NATAL???!!!

Porque subscrevo na totalidade,
faço ECO de quem assim escreveu...
recusando-me a pactuar
com a... hipocrisia natalícia!


Crónica de um Natal impossível
Por Pedro Barroso

HOJE NÃO ME APETECE Natal.
Não acredito na bondade por decreto.
Não me deslumbro com as luzes e os sinos tocando aleluias de alegria.
Acho tudo isso uma treta de consumo. E, num país sem dinheiro, nem o consumo pode circular no excesso destemperado da saison.
Porque não havendo um, não pode existir o outro. E o povo, sem poder de compra, assiste ao sonho compensatório e impraticável de quebrar fronteiras em Schengens distantes.
E compra castanhas assadas em discutido embrulhamento, nas tais controversas folhas da lista amarela, como tradição.
É pouca e controlada felicidade. Farinhenta vida, a do adorador de sonhos.
Fraca alegria para a capital da Europa, ao que parece, supostamente passando por aqui. Tratados de Lisboa. Êxitos imensos. Glória in excelsis.
Pois. É pena. Porque só não temos é dinheiro para cantar.
Este é, seguramente, dos Natais mais pobres de sempre dos últimos anos para o Povo português. Com salários a diminuírem, pensões insignificantes, ajuda nos medicamentos a baixar, prestações das casas a subir desenfreadamente todos os meses, desemprego alarmante.
E contudo estamos de parabéns. Brilhantes acordos Europeus. Bravo.
Podemos circular de Tallin a Lisboa, sem parar em nenhuma fronteira. Schengen alargou. Quase deixou de ser necessário o velho passaporte. Meu querido companheiro de viagem, meu cúmplice de fugas e secretos desvios de percurso, meu medidor de mim, numa juventude que foi – a medo, mas foi – viajante e transgressiva.
Hoje podemos celebrar Natais – para quem neles acredite – com Pais do dito cujo vindos directamente da Noruega sem passaporte. Renas incluídas, se estiverem vacinadas, supõe-se. ASAE oblige. Um escândalo.

Não me vejo aqui. Amigos, acreditem: - não sei onde pertenço.
O facto é que, contudo, também não me vejo em mais parte alguma. Com efeito, a praia tropical, sinceramente - que alguns amigos praticam como fuga compulsiva a uma época de convívio familiar por obrigação - também não me seduz por aí além.
Dezembro é bonito com neve e frio. Com lareira e aconchego. Sou europeu daqui, deste lado do tempo e do mar. Desta gente marinheira e montanheira. Deste cheiro a sardinha assada no Verão. Dos cavalos lusitanos. Do bacalhau com grão. Da paixão de Florbela e da angústia existencial de Vergilio. O Ferreira, claro, meu querido professor.
Queime-se, pois, a cavaca e o chambaril. Demos as mãos na noite de angústia e saboreemos a nossa pequenez contente. Misturemos leite e farinha e façamos os coscorões da ilusão. Cortemos no açúcar, que está caro. E troquemos de pequenas prendas com um sorriso quase conformado.
E disfarcemos a tristeza.
Eu não devia escrever isto. Porque é suposto estar alegre.
Mas andam-me a roubar, aos poucos, um outro País maior. Onde foi palavra, e gesto, e esperança e teve significado o verbo acreditar.
Como sobreviver, pois, ao Natal de Sócrates, após estes anos de deslize em perda do poder de compra, sob o mais hipócrita sorriso de alegrias marginais de foro europeu, que nos aportam nada?
Que me interessa que me ofereçam viagem sem fronteiras até à Estónia, se o povo tem de contar os tostões para ir visitar a velhota que está lá, no frio, afinal aqui tão perto? Numa lareira acesa, sozinha, algures, numa qualquer casa perdida, lá para a Guarda, Arganil, Bragança, Mértola, Mação, Melgaço?
E quantas vezes é um telefonema meigamente mentiroso que vai ter de disfarçar a mágoa secreta da impotência?
Ah! Meu velho passaporte de partir!... Vou passar a consoada dos outros, ricos e pobres, contigo no meu peito.
Leva-me longe daqui e que eu não volte.
Ou volte sempre, que o meu viajar é eterno em tuas mãos. E eu amo-te tanto como a vida que não tenho, o sonho inacabado do Império adiado e adormecido de coisas superiores que habita em mim.
E dá-me os longes todos que encontrares, que eu vou gostar.
E não preciso de aviões, nem renas, nem Schengens abertos para circular no sonho. Nem no Mundo.
Mas noutro. Feito de homens melhores, e duma total e absoluta felicidade.
Que este fede. E assim não há poema.
Quanto mais Natal.

Este texto foi roubado no SORUMBÁTICO

domingo, 9 de dezembro de 2007

# 118 - violência nas escolas...

Este texto foi roubado [aqui], porque...
é preciso fazer eco

das palavras
corajosas
e sabedoras!!!!


Violência nas escolas
Por Alice Vieira

LI NUM JORNAL que a senhora Ministra da Educação está contente. E, quando os nossos governantes estão contentes, é como se um sol raiasse nas nossas vidas.
E está contente porque, segundo afirmou, a violência nas escolas portuguesas afinal não existe.
Ao que parece andamos todos numa de paz e amor, lá fora é que as coisas tomam proporções assustadoras, os nossos brandos costumes continuam a vingar nos corredores de todas as E B, 2/3, ou como é que as escolas se chamam agora.
Tenho muita pena que os nossos governantes só entrem nas escolas quando previamente se fazem anunciar, com todas as televisões atrás, para que o momento fique na História. É claro que assim, obrigada, também eu, anda ali tudo alinhado que dá gosto ver, porque o respeitinho pelo Poder é coisa que cai sempre bem no coração de quem nos governa, e que as pessoas gostam de ver em qualquer telejornal.
Mas bastaria a senhora Ministra entrar incógnita em qualquer escola deste país para ver como a realidade é bem diferente daquela que lhe pintaram ou que os estudos (adorava saber como se fazem alguns dos estudos com que diariamente se enchem as páginas dos jornais) proclamam.
É claro que não falo daquela violência bruta e directa, estilo filme americano, com tiros, naifadas e o mais que houver.
Falo de uma violência muito mais perigosa porque mais subtil, mais pela calada, mais insidiosa.
Uma violência mais ”normal”.
E não há nada pior do que a normalização, do que a banalização da violência.
Violência é não saberem viver em comunidade, é o safanão, o pontapé e a bofetada como resposta habitual, o palavrão (dos pesados…) como linguagem única, a ameaça constante, o nenhum interesse pelo que se passa dentro da sala, a provocação gratuita (“bata-me, vá lá, não me diga que não é capaz de me bater? Ai que medinho que eu tenho de si…”, isto ouvi eu de um aluno quando a pobre da professora apenas lhe perguntou por que tinha chegado tarde…).
Violência é a demissão dos pais do seu papel de educadores - e depois queixam-se nas reuniões de que “os professores não ensinam nada”.
Porque, evidentemente, a culpa de tudo é sempre dos professores - que não ensinam, que não trabalham, que não sabem nada, que fazem greves, qualquer dia - querem lá ver? - até fumam…
Os seus filhos são todos uns anjos de asas brancas e uns génios incompreendidos.
Cada vez os pais têm menos tempo para os filhos e, por isso, cada vez mais os filhos são educados pelos colegas e pela televisão (pelos jogos, pelos filmes, etc. ). Não têm regras, não conhecem limites, simples palavras como “obrigada”, “desculpe”, “se faz favor” são-lhes mais estranhas que um discurso em chinês - e há quem chame a isto liberdade.
Mas a isto chama-se violência. Aquela que não conta para os estudos “científicos”, mas aquela de que um dia, de repente, rompe a violência a sério.
E então em estilo filme americano.
Com tiros, naifadas e o mais que houver.
«JN» de 9 de Dezembro de 2007

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

# 117- mais uma delícia que eu não conhecia....

roubei, e..... NÃO ME ARREPENDO...




[MENINOS], vá lá...
NÃO ME PUXEM O TAPETE, POR FAVOR... :)

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

# 116 - GREVE

greve30novqr9

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

# 115 - :) porque hoje... é dia de aniversário...

PARABÉNS, PEDRO BARRÔSO!!!



domingo, 25 de novembro de 2007

# 114 - o país dos... Almerindos...

Sempre com visão clara e linguinha afiada:

O país dos Almerindos

Por Pedro Barroso

NÃO SE LHE CONHECIA OBRA DE CULTURA, drama ou romance. Não se lhe conhecia curriculum nem de cineasta, nem de vídeo amador. Não se lhe conhecia nenhuma especial sapiência em coisas de Rádio ou Televisão. E contudo.
Fundador do Partido Socialista, já foi também Presidente dos Conselhos de Administração da Agência Lusa e da Portugal Global; já foi também administrador da Caixa Geral de Depósitos e do Banco Espírito Santo; já foi também Presidente do Banco Fonsecas & Burnay e da filial portuguesa do Barclays; já foi também deputado pelo Partido Socialista e até Secretário de Estado da Administração Escolar, num governo chefiado por Mário Soares (1976/78).
Veio pois, do Banco de toda a gente, quando este acaba, para a Caixa de toda a gente, quando esta expande. Talvez como prémio.
Diz-se que, aí, houve mau entendimento com o Administrador principal. Saiu da dita CGD e logo arranjou um empregozito modesto na gestão da RTP.
“Convite”, ao que parece, que é sempre como se contrata a este nível cá no burgo.
Uma surpresa para tantos homens de televisão elegíveis.
Como gestor implacável. Diz-se que é um homem
de miúdos. Passe a expressão, hoje em dia equívoca e maldosa... Falo de trocos, tostões, pataqueira, entenda-se. Diz-se dos garimpeiros do cêntimo. Verificadores de contas, nunca investidores, com ordens rigorosas para poupar. Coisa que, ao que parece, sabe fazer.
Advogava que nunca deve investir-se nem em programas musicais, nem culturais, pois
não dão audiências.
Foi-me dito na cara, em passados encontros, posso afirmá-lo, portanto.
Tem uma irritabilidade fácil e, contudo, tem sabido resistir a denúncias públicas das suas muitas benfeitorias, haveres, poderes, cargos e tachos. Em vão, jornais tentaram implicá-lo em tentaculares ligações. E denunciar-lhe os mil e um lugares, vencimentos e domínios. Imperturbável, o seu prestígio fica sempre incólume. De pedra e cal.
Tem defensores públicos que vêm à liça defendê-lo ao mínimo ataque.
Governar para o tostão tem sido o investimento de regime na cultura do povo. Se ele ficar progressivamente bimbo e recuado no gosto, não há problema. Imbecilize-se, mas haja pé-de-meia. O Estado assim entende a função da rádio e da televisão próprias.
E depois dá-se um fenómeno curioso – se não soubermos nem quisermos expandir o sentido crítico, a qualidade e a modernidade, o povo passa a consumir a mediocridade. E aí as audiências retornam. Bovinas mas retornam.
É o primeiro presidente da RTP a ser nomeado por um Governo e a ser reconduzido por outro Governo de outro partido. E continua dono do futuro, ao que parece.
Que ninguém o conteste. O empregado Rodrigues dos Santos que o testemunhe, pois escreve nas horas vagas e, para isso, parece que não anda a cumprir os horários. E dá com a língua nos dentes em assuntos que não deve. Está mal.
Ter tachos, afinal, é feio.
Agora, espantosamente, o homem sabe ainda mais comprovadamente de tudo. Acaba de ser nomeado presidente das Estradas de Portugal. Pimba!
Da Banca, à Televisão, às Estradas. Nem Nuno Rogeiro faria melhor.
Conclusão:
Eu quero mudar o meu nome.
Já deu entrada no cartório da minha terra que, em vez de António Pedro, quero passar a ser definitivamente, Almerindo. Apesar de um pouco teutónico, gosto muito.
Está decidido. Ponto. Não aceito menos.
É um nome muito bonito e paga demasiado bem, para lhe ficar indiferente.
Sou um óptimo gestor, o pessoal é que anda por aí distraído. Somítico, miudinho, minucioso, jacobino, avarento, agarrado, terrível. Serei tudo isso.
Tenho é andado adormecido entre o sonho e a viagem. Mas prometo reencaminhar-me de forma severa e exemplar. Aproveitem-me, por favor, desatentos indicadores e convidadores de cargos deste país. Serei excepcionalmente produtivo.
Cortiças, vinho do Porto, futebol, pescas, cereais, açúcares, azeites, banca, orquestras, televisão, ramas de petróleo, tangerinas, moda, helicópteros, qualquer coisa.
Prometo lucros. Resultados garantidos.
Como tal, mudo o nome e inscrevo-me em tudo o que for preciso.
Trigo limpo.
Ao vosso dispor. Atentamente,

Almerindo Barroso
(fica bonito, não fica?)

texto roubado [aqui]

# 113 - navegador do futuro...

domingo, 18 de novembro de 2007

# 112 - Os cantos do Zeca

Hoje a Maia cantou ZECA AFONSO!! E foi a cantar "Grândola Vila Morena" que tudo começou....

A passar um pouco das 16:00H, no Fórum da Maia, com a casa completamente cheia, cantamos Zeca Afonso.

Completando hoje o vigésimo aniversário sobre a sua fundação, a Associação José Afonso - AJA, concretizou no fórum da Maia, um encontro de amigos.

Várias vozes, cantando ou lendo, fizeram-nos recordar momentos significativos da vida publica do Zeca, fazendo sempre uso da canção com função pedagógica. Foram eles: Ajaforça, Amílcar Mendes, Ana Afonso, António Ramalho, Carlos Andrade, Carlos Jorge, Fernando Soares, Gil Filipe, João Teixeira, José Carlos Barbosa, José Silva e Tino Baz. Na parte final, "matando" as saudades de todos nós, cantaram, emocionaram e encantaram os veteranos cantores de Abril: Francisco Fanhais, José Mário Branco e Tino Flores.

De tudo o que senti... ficou a enorme vontade de... REPETIR!...

Zeca continua VIVO!!!


domingo, 11 de novembro de 2007

# 111 - porque é São Martinho...

# 110 - ganham pouco... e nem esse mísero salário lhes pagam....

Solidária com a informação corajosamente divulgada pelo blog [cegueira lusa], aqui fica o meu contributo na denúncia:


As Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC), há quem as designe de Actividades de Empobrecimento Curricular, nasceram algo tortas e, como diz a sábia voz do povo, «aquilo que nasce torto, tarde ou mal se endireita».

Não querendo tomar a parte pelo todo, não me atrevo, para já, a juntar-me ao exército, que tem visto as suas fileiras engrossarem, daqueles que diabolizam as AEC. Apesar de não ser novidade para ninguém que me conheça que não concordo com o modelo adoptado nem com os objectivos (se é que estes existem) que estas se propõem alcançar. Todavia, posso afirmar, convictamente, que este modelo contribui para o empobrecimento dos professores envolvidos no projecto.

A trabalharem desde Setembro sem receberem um cêntimo pelos seus serviços é absolutamente inaceitável. Não esqueçamos que estes profissionais trabalham a «Recibo Verde», portanto há uma boa parte do ano em que não recebem coisa alguma. Isto já é preocupante. Pensar que estas pessoas desde Julho que não auferem qualquer vencimento suscita-me algumas questões: Quem paga a renda / prestação da casa? Quem paga a alimentação? Quem paga a água, a luz, o telefone? Como é que se vive assim? Não esqueçamos que muitos têm que se deslocar em transporte próprio para a (s) escola (s) onde leccionam. Não sei se esta situação se está a passar em todo o país. Em Viseu esta é uma realidade dramática. Parece que os vencimentos estão a ser processados… estavam… estarão… Ninguém sabe ao certo.

O que sei é que há gente a vivenciar situações dramáticas. Um amigo disse-me que não sabe se o dinheiro que ainda lhe resta será suficiente para o combustível que lhe permita deslocar-se às várias escolas em que trabalha. Aqui está outra aberração: contratam imensa gente e depois atribuem apenas 12 horas a cada professor, horas distribuídas por distintos locais, obrigando a várias deslocações diárias.

Se não expusesse esta situação vergonhosa e lamentável hoje, tenho a sensação de que nem dormiria em paz. Outros há que estão, dado o adiantado da hora, tranquilamente a sonhar com a cabeça na almofada. Enquanto isso, muitos fazem das tripas o coração, encetando majestosos malabarismos, para fazerem face às necessidades básicas do quotidiano.


Que vergonha!!!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

# 109 - cantos de oxalá....

Descobri... o que me parece ser uma autêntica peça de museu... :)



Tão velhinha, mas... tão actual!...

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

terça-feira, 16 de outubro de 2007

sábado, 13 de outubro de 2007

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

#104- Adriano Correia de OLiveira - SEMPRE PRESENTE

Em tempos de guerra colonial
choravam-se assim

os filhos amados
os namorados desejados
os maridos ausentes...

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

#103-Adriano Correia de Oliveira - SEMPRE PRESENTE

Porque podemos chorar a cantar
em tempos de guerra colonial
com tristeza, lágrimas e nó na garganta
cantava-se assim:

cantava-se assim:

Pedro soldado

Já lá vai Pedro soldado

Num barco da nossa armada
E leva o nome bordado
Num saco cheio de nada
Triste vai Pedro soldado

Branca rola não faz ninho
Nas agulhas do pinheiro
Não é Pedro marinheiro
Nem o mar é seu caminho

Nem anda a branca gaivota
Pescando peixes em terra
Nem é de Pedro essa rota
Dos barcos que vão à guerra

Onde não anda ceifando
Já o campo se faz verde
E em cada hora se perde
Cada hora que demora
Pedro no mar navegando

Não é Pedro pescador
Nem no mar vindimador
Nem soldado vindimando
Verde vinha vindimada
Triste vai Pedro soldado

Intérprete: Adriano Correia de Oliveira
Música: Adriano Correia de Oliveira
Letra: Manuel Alegre

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

# 102- Adriano Correia de Oliveira - SEMRE PRESENTE

"gente daqui e de agora": o senhor morgado...

# 101 - até os próprios... se riram... :)
e eu também!!


slideshow divertido
baseado nas fotos SUGESTIVAS :) encontradas
[aqui]

terça-feira, 9 de outubro de 2007

# 100 - Adriano Correia Oliveira - SEMPRE PRESENTE

GENTE daqui e de agora...
Adriano cantando António Aleixo




história do quadrilheiro Manuel Domingos Louzeiro

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

domingo, 7 de outubro de 2007

# 98 - 25 de Abril, SEMPRE!!!

porque os sindicatos
são indispensáveis à

DEMOCRACIA:


LUTA
FOTO [DAQUI]

# 97 - Adriano Correia de Oliveira - SEMPRE PRESENTE

canção da Beira Baixa

como é bonito e diversificado o folclore português!
O Adriano também o valorizou....

sábado, 6 de outubro de 2007

# 96 - Adriano Correia de Oliveira - SEMPRE PRESENTE

ao partir
partem tão tristes, os tristes...






Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes, tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos,
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes, os tristes,
tão fora de esperar bem
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

# 85 - dia do professor

A ESCOLA
sozinha
jamais modificará sociedades
jamais "salvará" um país!

A pedagogia do sucesso
assenta apenas
nos pilares seguros
sólidos e firmes
de uma comunidade feliz
EQUILIBRADA
com a vidinha organizada
devidamente estruturada
com disponibilidades
para participar
para colaborar
para se "dar"
para AMAR as suas crianças
o país e o mundo...

a ESCOLA
actuando isolada
é apenas uma insignificante gotinha
dispersa
ineficaz
para saciar as diferentes sedes
de qualquer sociedade.

Do muito que está mal no nosso país
há culpados
são vivos
actuais
e reais de carne e osso
mas como não conseguem equacionar esta verdade
( porque também são maus na matemática)
optam por fazer dos professores
da ESCOLA
os culpados de tudo
os seus bodes expiatórios...

Estou cansada
desencantada
decepcionada
infeliz...
A minha profissão violenta-me
em cada dia
em cada ano que passa!

Mª Irene - professora em final de carreira

# 84 - mais vale....

mais vale.....pois claro!!!


Mais vale ser um cão raivoso
do que um carneiro
a dizer que sim ao pastor
o dia inteiro
e a dar-lhe da lã e da carne e da vida
e do traseiro
mais vale ser diferente do carneiro
um cão raivoso que sabe onde ferra
olhos atentos e patas na terra.

(Coro):
Viva, viva o cão raivoso
tem o pêlo eriçado
seu dente é guloso
e o seu faro ajustado
Cão raivoso, cão raivoso, cuidado.

Mais vale ser um cão raivoso
que um caranguejo
que avança e recua e depois
solta um bocejo
e que quando fala só se houve a garganta
no gargarejo
mais vale não ser como o caranguejo
um cão raivoso que sabe onde ferra
olhos atentos e patas na terra.

(Coro)

Mais vale ser um cão raivoso
que uma sardinha
metida, entalada na lata
educadinha
pronta a ser comida, engolida, digerida
e cagadinha
Mais vale ser diferente da sardinha
um cão raivoso que sabe onde ferra
ferra fascistas e chama-lhe um figo
olhos atentos e patas na terra.

(Coro)

Mais vale ser um cão raivoso
dentes à mostra
estar sempre pronto a morder
e a dar resposta
a toda e qualquer podridão escondida
dentro da crosta
dentro da crosta das belas ideias
gato escondido de rabo de fora
dentro da crosta das belas ideias
gato escondido de rabo de fora.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

terça-feira, 2 de outubro de 2007

# 82 - Adriano Correia de Oliveira - SEMPRE PRESENTE

Adriano, o homem culto
que disponibilizava o seu saber
ao serviço do despertar de consciências
fazendo da canção
UM ALERTA
para os problemas reais da época

Ainda a emigração:
quem troca o certo pelo incerto
motivos há-de ter...

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

# 81 - Adriano Correia de Oliveira - SEMPRE PRESENTE

Esta foi das primeiras canções de intervenção que ouvi na minha juventude.
A minha irmã mais velha explicou-me que o Adriano dizia Galiza, porque na altura, não convinha dizer... Portugal...


Tempos de emigração
em terras de emigração

"quem troca o certo pelo incerto
motivos há-de ter!...."



Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão.
Galiza, ficas sem homens
que possam cortar teu pão

Tens em troca, órfãos e órfãs
tens campos de solidão
tens mães que não têm filhos
filhos que não têm pai.

Coração, que tens e sofre
longas ausências mortais
viúvas de vivos mortos
que ninguém consolará.

domingo, 30 de setembro de 2007

sábado, 29 de setembro de 2007

# 79 - elegia...

O vento desfolha a tarde
Como a dor desfolha o peito...


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

# 78 - mandei-lhe uma carta...

hummm.... :)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

# 77 - eu vou ser como a toupeira

1972- recurso à metáfora...fundamental para a mensagem passar e sobreviver...



Eu vou ser como a toupeira
Que esburaca
Penitência, diz a hidra
Quando à seca
Eu vou ser como a jibóia
Que atormenta
Não há luz que não se veja
Da charneca

E não me digas que agora
Estás à espera
Penitência diz a hidra
Quando à seca
E se te enfias na toca
És como ela

Quero-me à minha vontade
Não na tua
Ó hidra, diz-me a verdade
Nua e crua
Mais vale dar numa sarjeta
Que na mão
De quem nos inveja a vida
E tira o pão

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

# 76 - ó meu irmão tão breve...
nunca mais acenderás no meu o teu cigarro...

a vida dissipa-se

.....................como o fumo do cigarro...

e os mortos amados

.....................
batem à porta do poema...

poucos cantaram a morte

dum modo tão belo...

a emoção é contagiante
eternamente comovente
eternamente ÍMPAR...



Canção com lágrimas...


Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada

Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema

Porque tu me disseste quem me dera em Lisboa
Quem me dera em Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro

Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio

Porque tu me disseste quem em dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol Lisboa com lágrimas
Lisboa à tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...

#75 - uma questão cultural

Abertura do comércio aos domingos de tarde e feriados

Se nas localidades houvesse mais espaços motivadores, organizados, acolhedores e confortáveis, dedicados à animação de actividades lúdico-recreativas-culturais, gratuitas ou a custos simbólicos

onde as pessoas pudessem conviver, aprender, divertir-se e ocupar os seus tempos livres

certamente que o redutor passeio domingueiro ao shopping, deixaria de ser motivação ... [ISTO], seria desnecessário e as grandes superfícies comerciais certamente ficariam às moscas aos domingos e feriados...

Enfim, por muitas voltas que se dê
vamos sempre bater ao mesmo

vamos sempre bater ao fundo da questão: EDUCAÇÃO e CULTURA, enfim, uma sociedade sadia e sabiamente estruturada, UM POVO FELIZ!


terça-feira, 25 de setembro de 2007

# 74 - os bravos



Os bravos

Eu fui à terra do bravo
Bravo meu bem
Para ver se embravecia
Cada vez fiquei mais manso
Bravo meu bem
Para a tua companhia

Eu fui à terra do bravo
Bravo meu bem
Com o meu vestido vermelho
O que eu vi de lá mais bravo
Bravo meu bem
Foi um mansinho coelho

As ondas do mar são brancas
Bravo meu bem
E no meio amarelas
Coitadinho de quem nasce
Bravo meu bem
P'ra morrer no meio delas

popular açoreano

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

# 73 - balada do Outono

domingo, 23 de setembro de 2007

# 72 - canção longe....

( ... ... ... )



(Popular açoriana/José Afonso)

Ó meu bem se tu te fores
Como dizem que te vais
Deixa-me o teu nome escrito
Numa pedrinha do cais

Quando o mê mano se foi
Sete lenços alaguei
mai la manga da camisa
e dizem que não chorei

Meu amor vem sobre as ondas
Meu amor vem sobre o mar
Ai quem me dera morrer
Nas águas do teu olhar

sábado, 22 de setembro de 2007

# 71 - capa negra.... rosa negra....

capas de estudantes...

para mim, eternamente associadas ao Outono

recordarei SEMPRE com sorriso
os arrepios que sentia
quando que as capas dos estudantes mais velhos
esvoaçantes
acidentalmente
roçavam nas minhas pernas...




Capa negra, rosa negra
Rosa negra sem roseira
Abre-te bem nos meus ombros
Como o vento numa bandeira.

Abre-te bem nos meus ombros
Vira costas à saudade
Capa negra, rosa negra
Bandeira de liberdade.

Eu sou livre como as aves
E passo a vida a cantar
Coração que nasceu livre
Não se pode acorrentar.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

# 70 - só há LIBERDADE a sério quando houver:

a PAZ
o PÃO
HABITAÇÃO
a SAÚDE
EDUCAÇÃO

fundamental para a felicidade de um povo
imprescindível
para uma sociedade equilibrada




para quando???!!!!

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

# 69 - destaque

Concurso Europeu de Cartoon:

"Desigualdade

Discriminação

Preconceitos"

Menção honrosa

Rumeu Dragustinov – Roménia [link]

# 68 - que força é essa, amigo ??



Vi-te a trabalhar o dia inteiro
construir as cidades pr'ós outros
carregar pedras, desperdiçar
muita força pra pouco dinheiro
Vi-te a trabalhar o dia inteiro
Muita força pra pouco dinheiro

Que força é essa [bis]
que trazes nos braços
que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo [bis]
que te põe de bem com outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo [bis 3]

Não me digas que não me compr'endes
quando os dias se tornam azedos
não me digas que nunca sentiste
uma força a crescer-te nos dedos
e uma raiva a nascer-te nos dentes
Não me digas que não me compr'endes

(Que força...)

(Vi-te a trabalhar...)

Que força é essa [bis]
que trazes nos braços
que só te serve para obedecer
que só te manda obedecer
Que força é essa, amigo [bis]
que te põe de bem com outros
e de mal contigo
Que força é essa, amigo [bis 10]

In: "Sobreviventes"; 1971

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

# 67 - com mãos...
a voz... a palavra....

Vinte anos de canções...


tal como "O Canto e as Armas - LP, 1969"

terça-feira, 18 de setembro de 2007

# 66 - o fado da mentira....

ele também sabia...



Ninguém conhece no rosto
o que a nossa alma inspira
A vida é gosto e desgosto
mentira... tudo mentira...

Fiz uma cova na areia
p`ra enterrar minha mágoa
Entrou por ela o mar todo
não encheu a cova d`água...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

# 65 - Em final de Verão
cantando prodigios da Natureza...

Em tempo de Natureza perfumada
ou da terra a transpirar sangue
a canção que me embala...

Ó minha amora madura



certamente retirada da canção popular:

Ó minha amora madura,
quem foi que te amadurou?
Ó minha amora madura,
quem foi que te amadurou?

Foi o sol e a geada
e o calor que ela apanhou!
Foi o sol e a geada
e o calor que ela apanhou!

E o calor que ela apanhou,
debaixo da silveirinha,
E o calor que ela apanhou,
debaixo da silveirinha,

Ó minha amora madura,
minha amora madurinha,
Ó minha amora madura,
minha amora madurinha.

domingo, 16 de setembro de 2007

# 64 - regressando...

Fui à beira do mar...




Fui à beira do mar
Ver a que lá havia
Ouvi uma voz cantar
Que ao lange me dizia

Ó cantador alegre
que é da tua alegria??
tens tanto para andar
e a noite... está tão fria...

Desde então a lavrar
No meu peito a Alegria
Ouço alguém a bradar
Aproveita que é dia

Sentei-me a descansar
Enquanto amanhecia
Entre o céu e o mar
Uma proa rompia

Desde então a bater
No meu peito em segredo
Sinto uma voz dizer
- Teima, teima sem medo!!!

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

# 63 - The blog day

Blog Day 2007

O que é o BlogDay?

O BlogDay foi criado na convicção de que os bloggers deverão ter um dia dedicado ao conhecimento de novos blogs, de outros países ou áreas de interesse. Nesse dia os bloggers recomendarão novos blogs aos seus visitantes.

O que acontecerá no BlogDay?

Durante o dia 31 de Agosto, bloggers de todo o mundo farão um post a recomendar a visita a novos blogs, de preferência, blogs de cultura, pontos de vista ou atitude diferentes do seu próprio blog. Nesse dia, os leitores de blogs poderão navegar e descobrir blogs desconhecidos, celebrando a descoberta de novas pessoas e novos bloggers.

Para quem ainda não conhecer, sugiro:

da natureza / ecologia:

bis…bis…

montanha

do ensino:

a frutinha da época

interact

do país e do mundo:

Tó Colante

canhotices

sorumbático

do prazer e da vida:

refúgio encontrado

e a lista poderia continuar... continuar... :)

domingo, 19 de agosto de 2007

# 62 - apeteceu...


um breve intervalo

para escutar o mar


as ondas...

basta encostar um búzio

semicerrar os olhos

ou simplesmente

imaginar... e...


a magia acontece...

# 61 - apeteceu... :)

Arvorededecisãodejuntasmédicas.jpg 1


1165400514_0ed0fcc903_b044
recebido por e-mail :)

sábado, 18 de agosto de 2007

# 60 - continua por descobrir...

Foram poucas as mulheres que cantaram Abril.
Porém, continua por adivinhar...
a voz feminina!!




pista :)
as iniciais do nome e apelido são: "T", "P", "B" )

# 59 - em defesa do regime democrático


EM DEFESA DO REGIME DEMOCRÁTICO
abaixo assinado
[aqui]

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

# 58 - a poluição eletromagnética

Finalmente em Portugal, também é feita a denúncia pública dos efeitos maléficos da poluição eletromagnética.

campo eletromagnético
[link] do quadro

Até quando continuará silenciado o efeito tremendo que as microondas (do super difundido e vulgar microondas doméstico), exercem sobre o organismo humano, em especial a nível das células sanguíneas??

# 57 - vejam bem...
vejamos todos muito bem...
é mais que tempo de abrirmos bem os olhos!!!

Foram poucas as mulheres que cantaram Abril.
Porém, hoje é dia de adivinhar...
a voz feminina!!




esta já cá passou e é conhecida...

# 56 - "Histórias de ontem e de hoje..."


imagem discretamente "roubada" [AQUI]

as histórias
que cada vez mais
são menos recomendáveis
para es criancinhas...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

# 55 - CIA, Vaticano e Governo Português
tentaram manipular a Wikipedia



A CIA, o Vaticano e o Governo Portugês são algumas das instituições que tentaram manipular dados da enciclopédia virtual Wikipedia.

Esta decoberta foi possível graças a uma nova ferramenta de busca, o site Wikipedia Scanner, criado por um estudante de doutoramento da Califórnia, e que tem a capacidade de chegar à identidade das pessoas que tentaram alterar conteúdos da Wikipedia, através da localização do endereço IP dos computadores respectivos.

O blogue
[zero de conduta] já pôs mãos à obra e descobriu que o Governo Português alterou dados da biografia de José Sócrates relacionados com o seu currículo académico.

Notícia recebida recentemente, via e-mail. A informação detalhada encontra-se [AQUI],
também foi publicada [AQUI] :


wikipédia

# 54 - "Por quem sempre combateu"

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

# 53 - "O bom cidadão" :)
O bom funcionário...
é a extensão óbvia do bom cidadão


A QUADRATURA DO CIRCO

O bom cidadão
por Pedro Barroso


O BOM CIDADÃO é um herói do Estado. Só com ele, o Estado se reforça e pode virtualmente planificar o futuro da Sociedade. Se todos ajudassem e aprendessem com este texto exemplar, cumprindo as suas obrigações de cidadãos, o futuro de todos nós seria muito melhor. E a poupança do Governo proporcionaria bem-estar e felicidade a um número mais alargado de portugueses. Infelizmente, nem todos compreendem os deveres de lealdade à Nação e desviam-se nos mais diversos detalhes e vícios de uma carreira ordeira, obediente e conforme.

O bom cidadão nasce sem incomodar demasiado o Estado, para não fazer despesas desnecessárias com fórceps ou cesarianas. Deve, pois, nascer preferencialmente numa cidade desenvolvida e litoral, onde já existam infra-estruturas integradas, para não obrigar à construção de piscinas, mercados, escolas, maternidades, pavilhões ou hospitais escusados.

Se o jovem cidadão nascer em sítios isolados, a sua escola terá decerto poucos alunos e a sua educação dará prejuízo ao Estado, por manifesto desajuste entre o excesso de mão-de-obra e a tão pouca massa discente. É sempre de evitar.

Como aluno, crescerá sem temeridades nem excessos, estudando no limite da sua inteligência, mas sem ambições estranhas nem perigosas, tais como bolsas no estrangeiro ou outros excessivos incentivos. Admite-se que o cidadão, enquanto jovem, faça desporto em estruturas já existentes, mas é recomendável que saiba conter-se em gastos, hábitos, acidentes e doenças, poupando ao Estado radiografias e Betadine.

Serão, aliás, costumes de muita utilidade para o seu futuro. A parcimónia é uma virtude.

O bom cidadão emprega-se cedo e paga os seus impostos. Cinquenta por cento do que ganhar deve ser para o Estado, para que muito justamente este lhe retribua com pontes e estradas com portagens, guichets e Repartições variadas, cujas servem justamente para nelas pagar os referidos impostos, os selos e as taxas recomendadas e exigidas pelas necessidades da Nação.

Na opinião, o cidadão é moderado. Conciliador.


Poderá revelar, até, um criticismo parcial, se o exprimir de forma civilizada no exercício soberano do seu voto consciente. É o seu acto maior de intervenção cívica. Deve cultivá-lo.

O cidadão deve também compreender e acatar as regras da estrada, circular no máximo a 120 km/hora nas auto-estradas e a 50 km/hora nas localidades. Respeitar os seus superiores e as Autoridades e confiar em geral que todo o sistema montado pelo Estado serve para o proteger e ajudar.

A compacta vivência dos transportes colectivos em hora de aperto deve ser entendida como uma sempre agradável prática sensorial de aproximação e intimidade, onde poderá, até, vir a gozar de muito interessantes experiências de contacto humano, sempre enriquecedoras.

Terá direito a 25 dias de férias por ano e a férias matrimoniais, maternais e por nojo ou luto de seus entes queridos, patrocinadas pelo sempre compreensivo Patronato.

O bom cidadão não se mete em desordens, nem participa casos de Polícia, para não incomodar estruturas cívicas, como os Tribunais. Com efeito, estas instâncias estão já assoberbadas com demasiados casos, bem mais urgentes que o roubo da sua carteira ou o assalto por esticão da sua incauta avó. Os Tribunais são estruturas pesadas e dispendiosas que deve evitar-se accionar e se aplicam apenas para conflitos maiores.

Por esse motivo, o cidadão deve, desde cedo, aprender que o crime de assalto, o risco no carro ou as pequenas injustiças que sofrer no dia a dia são apenas encaráveis como impostos indirectos num Estado de Direito, e que têm de se suportar com paciência e estoicismo, pois fazem parte da vida.

O bom cidadão tem a temperança de um muito acreditar que se tornou desacreditar.
Não é, por isso, nem demasiado efusivo na celebração, nem demasiado pessimista na derrota. Entende que a vida tem altos e baixos, é preciso compreender e conformar-se com isso. O bom cidadão é, pois, sorumbático.

Compete também ao bom cidadão presenciar as cerimónias públicas e aplaudir. São eventos sempre agradáveis, tais como inaugurações de pontes e mercados, tomadas de posse, visitas ministeriais, etc., com a vantagem de serem gratuitas, frequentadas por gente influente e sempre muito instrutivas.


O cidadão correcto reclama moderadamente ao ouvir os telejornais, mas compreende os esforços de todos os governantes para o bom funcionamento da República, pelo que tolera os erros de gestão, a má prática, a assistência tardia, a bicha nos serviços, o prazo do despacho, a extinção da Maternidade, até os ordenados dos futebolistas.
Perdoa tudo, pois reclamar é sempre feio e raramente conduz ao que quer que seja.

O bom cidadão, de resto, deve ser recatado e pouco expansivo, pois os limites sonoros devem ser sempre acatados, e os excessos temperamentais podem provocar doenças graves como AVC’s, picos de tensão alta, apoplexias várias, neurose, depressão, etc.

Os seguros aumentam, mas o cidadão deve pagá-los.

Os impostos aumentam, mas o cidadão deve pagá-los, sem reserva. Até os lucros da Banca, as taxas de juro, os spread’s e euribores e outras coisas, mesmo que não saiba exactamente o que são. Para o seu bom nome se manter, o cidadão deve pagar tudo isso atempadamente. A gasolina, as portagens, a taxa moderadora, a prestação do frigorífico, da casa, do carro. Pagar.


O bom cidadão declara tudo o que ganha, mesmo as gorjetas.

Compete ainda ao bom cidadão ajudar nos peditórios para o cancro, a lepra, a sida, a epidermólise bolhosa, a tuberculose e os Bombeiros pois são, obviamente, casos imprevisíveis que, numa sociedade ideal, não existiriam e não seriam necessários.
De facto, o Estado não pode, compreensivelmente, acorrer a todos os desleixados que se deixam indevidamente apanhar pelas mais dispendiosas e graves doenças, nem é sua culpa que tenham adoecido ou que os Bombeiros queiram viaturas novas. Há, pois, que sentir solidariedade pelos seus concidadãos afectados e ajudar sempre, generosamente.

O bom funcionário é a extensão óbvia do bom cidadão.


O bom funcionário é aplicado, pontual, educado e reside na área de trabalho, para não gastar demasiada energia pública no eléctrico ou autocarro e contribuir para um bom ambiente e para a diminuição do buraco de ozono.

Alias a consciência ecológica é um dever do bom cidadão. Deve pôr os vidros no vidrão; os cartões bem limpos nos receptores de cartão; as embalagens depois de devidamente lavadas no recipiente adequado. O bom cidadão decora as cores dos ecopontos modernos e funcionais, contribuindo para uma mais rápida triagem da parte das lucrativas empresas de aproveitamento de resíduos sólidos, que, obviamente, não podem estar a perder tempo com porcarias e lixo sujo e mal encaminhado.

O cidadão exemplar mantém-se até ao limite previsto no seu posto de trabalho - mesmo que sinta alguma dificuldade em lembrar-se onde fica - e morre aos sessenta e cinco anos de idade, depois de uma vida de descontos. Isto para que a Segurança Social lucre com ele, e não tenha que o sustentar em dependências sempre egoístas e evitáveis que prejudicam o conjunto da Nação e retiram credibilidade ao sistema.

Para quê gozar de paz e reforma antecipada quando ainda se sente motivação e vontade de viajar e usar a vida? Todos sabemos que orgias e comezainas ou viagens prolongadas não são indicadas para a terceira idade.

O bom cidadão fica em casa com a sua reforma olhando a televisão, até morrer.
Com raras e discretas deslocações à farmácia mais próxima. E ao cemitério, por uma questão de aclimatação prévia.


O bom cidadão é triste
cumpridor e exemplar.

Ajude o Estado a servi-lo melhor.
Morra cedo.

O Estado ama o bom cidadão.

A critica social
Ironicamente deliciosa
Deliciosamente irónica

vislumbro que este texto será integrado num próximo CD.


FORÇA, Pedro!!!!


Texto retirado daqui


imperdível: balada do desespero....

# 52 - " fado afinal - do lado de cá de mim..."

vou erguendo a pulso
esta faina antiga
esta faina grande
vizinha da raiva do não conseguir....



mais uma delícia da responsabilidade de...

terça-feira, 14 de agosto de 2007

# 51 - Pedro Só

Pedro só...
nome de roda partida...


( 24 de Abril... pois claro!!! )



Passaram anos e anos
sobre esta roda da vida,
farinha que foi moída,
vai-se a ver, são desenganos

Atou-me a sorte este nó,
cobriu-me com estes panos.
Ao peso dos meus enganos
sai a farinha da mó.

Na palma da mão estendida
leio um caminho de pó
lembranças do homem só
São as andanças da vida

Foram dias, foram anos,
foi uma sorte moída,
vida que tenho vivida,
(vai-se a ver são desenganos)[bis]

Foram dias, foram anos,
foi a sorte apodrecida.
Dentro da roda da vida
sinto roer os fusanos

Lembranças da minha vida
perdem-se em nuvens de pó.
Bem me chamam Pedro Só,
(nome de roda partida)[bis]


Letra de Fernando Assis Pacheco
(música do filme "Pedro Só" de Alfredo Tropa 1970)

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

* 50 - Lágrima de preta...

era água quase tudo
e cloreto de sódio...


muitos persistem na diferença...
onde é que ela reside afinal??...



Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

António Gedeão = Rómulo de Carvalho

domingo, 12 de agosto de 2007

# 49 - jetset... ah!... nem mais... pois claro!!!!
ai... kórror!!!

é que... sabias ??!!!...
à parte de 50 portugueses
nós os outros... somos gente mal nascida!!!...


umas criticazinhas
sempre muito oportunas!...





Hoje temos direito a bónus:




ironicamente delicioso
deliciosamente... irónico!!
Muito bem. Eu, pecador, me confesso...